OMS recomenda a cabo verde criação de plataforma web para vigilância epidemiológica

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou hoje a Cabo Verde a criação de uma plataforma na internet para a vigilância epidemiológica, que permita a partilha de informações, monitorar as epidemias e melhorar as respostas nacionais. “Temos que colocar na agenda o desenvolvimento de uma plataforma web para o sistema de vigilância epidemiológica, que permita ter informações na hora, que possam ser monitoradas as epidemias, com informações provenientes de fontes confiáveis e então orientar melhor as respostas nacionais”, disse hoje à agência Lusa o representante da OMS em Cabo Verde.

Mariano Castellon notou que Cabo Verde tem um nível de desenvolvimento da saúde “muito bom” e uma “experiência relevante” na telemedicina, pelo que deve aproveitar as novas tecnologias para seguir as ações principalmente das doenças provocadas por mosquitos. O representante da OMS falava à Lusa, na cidade da Praia, à margem da primeira reunião de Telemedicina e Telesaúde da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), e numa altura em que o país regista mais de 200 casos de malária, com a situação na cidade da Praia a ser considerada pelas autoridades de saúde como uma epidemia.

A propósito do recorde de casos de malária em Cabo Verde, o representante da OMS terá hoje uma audiência com o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Santos, depois de ter sido recebido esta semana separadamente pelo Presidente da República e pelo primeiro-ministro. Mariano Castellon reafirmou que Cabo Verde, que é o único país em África em fase de pré-eliminação, deve converter a eliminação da malária numa “bandeira nacional”.

O representante garantiu que a OMS está disposta a apoiar o país a dar esse “salto de qualidade”, prova disso é que já estão no arquipélago dois especialistas “de alto nível” que vão acompanhar a resposta nacional ao surto de malária que se intensificou em meados de julho. Mariano Castellon afirmou à Lusa que o “foco principal” do país neste momento deve ser interromper a transmissão da doença, estando, por isso, os especialistas da OMS a fazer a avaliação da resposta nacional no terreno, para identificar a melhor estratégica a seguir.

Com o número recorde de mais de 200 casos de malária (o maior desde 1991, tinha sido 140 em 2000), as autoridades cabo-verdianas intensificaram a luta contra os mosquitos, com pulverização espacial e dentro das casas e com campanhas de sensibilização das pessoas. Em janeiro, Cabo Verde foi distinguido pela Aliança de Líderes Africanos contra a Malária (ALMA) com o prémio Excelência 2017, pelos resultados alcançados no combate à doença. A OMS estima que o país tenha reduzido a sua taxa de incidência e de mortalidade associada à malária em mais de 40% no período decorrente e prevê também que tenha capacidade de eliminar a transmissão regional até 2020.

FONTE: Lusa