O dia Mundial da Diabetes foi instituído em 1991 pela Federação Internacional de Diabetes (FID) e pela OMS em resposta ao aumento progressivo de casos, incapacitações sociofamiliares e profissional dos doentes e ameaças à sustentabilidade económica de sociedades e nações, sobretudo os mais pobres e em desenvolvimento.
Em 2006, através da aprovação da Resolução 61/225, o Dia Mundial da Diabetes foi oficializado pelas Nações Unidas, e comemorado a 14 de novembro, dia que assinala o aniversário de Frederick Banting, que descobriu a INSULINA, juntamente com Charles Best, em 1922.
A FID tem levado às sociedades a conscientização do fenómeno DIABETES e seu impacto na vida dos doentes e seus familiares, instituindo redes para as pessoas afetadas, e promovendo o papel da família na gestão, sobretudo prevenção e educação sobre a diabetes.
Presentemente, o Mundo conta com 425 milhões de adultos diabéticos. A estimativa, segundo o relatório, é de que até 2045 a população com diabetes aumente em quase 50%, alcançando o total de 629 milhões. Em Cabo Verde, dados referentes a 2007 apontam para uma taxa de prevalência de 12,7 porcento.
Pesquisas descobriram que apesar da maioria das pessoas pesquisadas terem um membro da família com diabetes, 4 em 5 casais teriam dificuldade em reconhecer os sinais da doença nos seus filhos e, um em 3 não conseguia os identificar. As famílias são instadas a aprender mais sobre os sinais de alerta da diabetes, seu impacto e riscos na vida do doente e, sublinham a necessidade de educação e conscientização para ajudar as pessoas a identificarem precocemente os sinais de alerta da diabetes.
Essa é uma grande preocupação devido aos sinais serem mais leves na diabetes tipo 2, que é a forma mais prevalente da doença, responsável por cerca de 90% de todo as diabetes. Uma em cada duas pessoas que atualmente vive com diabetes não é diagnosticada. A grande maioria delas tem diabetes tipo 2.
Deixado sem tratamento ou sem controlo, a diabetes pode levar a complicações que mudam a vida. Estas incluem cegueira, amputação, insuficiência renal, ataque cardíaco e derrame. As estimativas da OMS apontam que a diabetes foi responsável por quatro milhões de mortes em 2017.
Para o Dia Mundial da Diabetes 2018-2019 a FID escolheu três áreas de foco principais:
- Promover mais o conhecimento e a definição da Diabetes Mellitus (DM) – Promover check-ups e esclarecimentos à Sociedade.
- Promover o reconhecimento dos fatores de risco da Diabetes Mellitus 2 (DM2) – (1) História familiar de diabetes, (2) Excesso de peso, (3) Dieta não saudável, (4) Inatividade física, (5) Idade, (6) Tensão alta, (7) Etnia, (8) Tolerância à glicose diminuída (IGT), (9) História de diabetes gestacional, (10) Má nutrição durante a gravidez, etc.
- Promover a boa gestão da Diabetes Mellitus aos nossos doentes – (1) Promover a regularidade dos doentes nas consultas ambulatórias, (2) Escolher água, café ou chá em vez de suco de frutas, refrigerante ou outras bebidas açucaradas, (3) Comer pelo menos três porções de vegetais todos os dias, incluindo vegetais de folhas verdes, (4) Escolhendo nozes, um pedaço de fruta fresca ou iogurte sem açúcar para um lanche, (5) Limitar a ingestão de álcool a um máximo de duas bebidas padrão por dia, (6) Escolher cortes magros de carne branca, aves ou frutos do mar em vez de carne vermelha ou processada, (7) Escolher manteiga de amendoim em vez de pasta de chocolate ou geleia, (8) Escolher pão integral em vez de pão branco, arroz ou macarrão, (9) Escolher gorduras não saturadas (azeite, óleo de canola [semente oleaginosa criada através do cruzamento de plantas de Canadá], óleo de milho ou óleo de girassol) em vez de gorduras saturadas (manteiga, ghee [manteiga Asiática altamente-clarificada], gordura animal, óleo de coco ou óleo de palma; etc, etc.
A FID e a OMS acreditam que a diabetes pode ser prevenida através do envolvimento contínuo dos Governos, adoção de políticas públicas de saúde assertivas, especialização e formação contínua dos médicos e profissionais de saúde, e da promoção da saúde e mudanças no estilo de vida dos utentes e da sociedade, propondo medidas (12) que consideram indispensáveis para conter o aumento exponencial dos casos de DM2, como:
- A introdução de uma etiqueta clara, inequívoca e com código de cores na frente da embalagem, que fornece o conteúdo total de açúcar, incluindo todos os tipos de açúcar, mesmo aqueles com nomes alternativos (como xarope de milho com alto teor de frutose, etc.);
- Proibição de publicidade de bebidas açucaradas e alimentos com alto teor de açúcar para crianças e adolescentes;
- Revisão das diretrizes de alimentação saudável para reduzir o consumo de alimentos com alto teor de açúcar (por exemplo, certas frutas e sucos de frutas).
- Proibição de patrocínio de eventos esportivos por fabricantes de bebidas açucaradas ou com alto teor de açúcar.
- Proibição da venda de bebidas açucaradas e alimentos com alto teor de açúcar em cantinas e máquinas de venda automática em escolas e o seu acesso nos locais de trabalho.
- Obrigação de disponibilizar água potável gratuitamente em todas as escolas, locais de trabalho e em espaços públicos abertos.
- Incentivos do Governo (incluindo impostos) para reduzir o consumo de bebidas açucaradas e alimentos com alto teor de açúcar.
- Incentivos do Governo para promover a produção de vegetais de folhas e frutas em vez de açúcar.
- Incentivos do Governo para aumentar a disponibilidade e acessibilidade de legumes frescos, frutas frescas e água potável.
- Incentivos regulatórios do Governo na reformulação de alimentos processados com reduzido teor de açúcar.
- Campanhas de saúde pública para educar as pessoas sobre os riscos à saúde associados ao consumo excessivo de açúcar.
- Mais pesquisas a serem realizadas para estabelecer vínculos entre ingestão de açúcar e diabetes.
Dada a evidência de que o aumento da ingestão de açúcar está associado ao aumento da obesidade e ao risco de diabetes tipo 2, a FID apoia a recomendação da OMS em reduzir a ingestão recomendada de açúcar para 5% da ingestão diária de energia e, insta os Governos a implementarem políticas para reduzir o consumo de açúcar.
A OMC, em representação dos médicos Cabo-verdianos, acredita que as medidas acima apontadas são evidências teóricas de peso e de fácil aplicação à prática, se realmente houver vontades e engajamento de todos os parceiros de saúde, sobretudo da tutela responsável do Serviço Nacional de Saúde, da medicina praticada em Cabo Verde e da saúde da sociedade e de todos os Cabo-verdianos.
Em conclusão, lanço aqui um desafio a todos, que promovam o tema comemorativo – Família e Diabetes, do Dia Mundial da Diabetes 2018-2019 definidas pela FID/OMS focalizadas essencialmente nas três áreas acima referidas:
- Promover mais o conhecimento e a definição da DM
- Promover o reconhecimento dos fatores de risco da DM2
- Promover a boa gestão da DM aos nossos doentes
Bem-haja o Dia Mundial da Diabetes!
Danielson Veiga