Discurso evocativo ao Dia Mundial da Saúde Mental

Excelentíssimo Sr. Ministro, da Saúde e Segurança Social

Excelentíssimo Sr. Coordenador da Comissão Administrativa da Associação “A Ponte”

Excelentíssimo Sr. Diretor dos Serviços da Psiquiatria HAN, Extensão Trindade

Excelentíssimo Sr. Representante da OMS em Cabo Verde Distintos Convidados

Caros Colegas e Amigos

Hoje, 10 de outubro, é o Dia Mundial da Saúde Mental.

Este ano, o foco está na prevenção do suicídio, porque globalmente, segundo o relatório da OMS, a cada 40 segundos, uma vida é perdida pelo suicídio.

O dia como hoje, é um momento de conscientização e atenção à Saúde Mental, e é uma oportunidade para todos nós refletirmos nos desafios da saúde mental no mundo e em particular em Africa, e especificamente em Cabo Verde, a nossa Terra.

Este dia foi instituído em 1992, pela Federação Mundial de Saúde Mental.

A OMS considera os problemas de saúde mental, uma prioridade, pelas suas características e pelo impacto que tem não só na sociedade, como também na economia do país, por serem umas das importantes causas de incapacidade laborai.

Infelizmente, as doenças mentais afetam sobretudo pessoas jovens, e trazem um impacto significativamente negativa não só na vida privada e sociofamiliar do paciente, como também na força motora de desenvolvimento económico-financeiro e na revolução cultural e cientifico de qualquer país, sobretudo nos países pobres e em desenvolvimento. 

Nos registos mundiais, os países mais pobres têm maior prevalência de doenças mentais e maior taxa de suicídio. A associação entre pobreza e saúde mental em países em desenvolvimento esta hoje bem demonstrada por estudos que enfatizaram a alta prevalência de doenças mentais especialmente em áreas geográficas de população de baixa renda, como favelas e bairros em situações precárias.

Segundo o relatório da OMS, na Região Africana, os dados são escassos e o estigma é significativo em relação ao suicídio, mas sabe-se que este é um importante problema de saúde pública. Onde há dados disponíveis, como Costa do Marfim, Guiné Equatorial e Lesoto, as taxas demonstraram ser superiores a 20 suicídios por 100.000 pessoas a cada ano. Isso é maior do que na maioria dos países europeus, China ou Estados Unidos da América

Globalmente, quase 4 em cada 5 casos de suicídios ocorrem em países de baixa e média renda, e devido ao desespero, as taxas de suicídio são semelhantes entre homens e mulheres.

A escassez de recursos humanos na saúde, desde médicos psiquiátricos, médicos de cuidados primários, psicólogos, assistentes sociais, tem sido um obstáculo à deteção de riscos, prevenção, diagnóstico tratamento atempados de doenças mentais. Nos locais onde, sobretudo, os serviços sociais e de saúde não existem, devemos estar atentos a consequências nefastas da sociedade sobre os doentes e pessoas em risco, quando são marginalizados e empurrados pelo abismo, de maneira desmerecida e impiedosa.

Reconheço que em Cabo verde, registam-se avanços, mas tem-se reparado pessoas com problemas _sentais a deambularem pelas nossas ruas, maltratados, subalimentados, sem um suporte familiar e nem social. Cabe a todos nós refletir sobre o que pode ser melhorado para que estes sejam cuidados e inseridos adequadamente na sociedade onde vivem e garantidos os seus direitos e a sua dignidade enquanto cidadãos como todos nós.

 

Por outro lado, para além do tratamento da doença mental, é preciso:

  • facilitar a colaboração multissetorial, incluindo a limitação do acesso a pesticidas, armas de fogo e certos medicamentos e o fortalecimento de políticas para reduzir o uso nocivo do álcool;
  • treinar trabalhadores não especializados para avaliar e gerenciar o comportamento suicida, identificar, tratar e cuidar de pessoas com transtornos mentais e de uso de substâncias, dor crônica e angústia emocional aguda e melhorar o acompanhamento de pessoas que tentaram suicídio;
  • implementar intervenções nas escolas para oferecer apoio à saúde mental para adolescentes;
  • identificar fatores de risco culturalmente relevantes e como eles se aplicam em diferentes contextos;
  • a mídia também, sempre que possível ou necessário, relatar casos suspeitos ou de abuso, social ou familiar;
  • as comunidades podem contribuir para reduzir o estigma e a discriminação e fornecer redes de apoio.
  • é preciso também reduzir a desigualdade, educar e criar oportunidades para os jovens, de modo a terem uma vida saudável e a evitarem comportamentos de risco, tóxicos, como a droga e o álcool.

Todos os membros da sociedade, podem sim, unirem-se para que juntos possamos construir uma sociedade melhor, com valores e com uma educação solida e proporcionar condições para um desenvolvimento mental adequado, sem preconceitos, sem complexos, de forma que a pessoa com doença mental tenha o sentimento de pertença, e de ser útil à sociedade.

Aproveitamos o ensejo para dar os parabéns à Associação “A Ponte” por mais um aniversário e pela sua ação que vem desenvolvendo no âmbito da saúde mental em Cabo Verde.

Bem-haja o Dia Mundial da Saúde Mental! Muito Obrigado!