O Bastonário da Ordem dos Médicos Cabo-Verdianos, Danielson da Veiga, e o Secretário Adjunto da Ministra da Saúde, Evandro Monteiro, concordaram nos seus discursos feitos na tarde desta quinta-feira, 27, na cidade da Praia, durante a sessão de abertura do Simpósio “Doenças Cardiovasculares, Mentais, Oncológicas e Cuidados Paliativos”, que o contributo da diáspora cabo-verdiana para o sistema de saúde nacional foi, ainda é e vai continuar a ser de enorme relevância, desejando ambos que evolua para novas formas de cooperação e colaboração.
Durante o ato de abertura do simpósio, que é promovido pela Ordem dos Médicos Cabo-Verdianos, Danielson da Veiga relembrou à assistência, constituída por médicos nacionais e por colegas americanos de ascendência cabo-verdiana que são membros da Cabo Verdean American Medical Society, parceira da OMC na organização deste simpósio, que as doenças crónicas constituem “um peso grande sobre o nosso sistema de saúde e exigem investimentos importantes”.
Tais investimentos, nomeadamente na formação contínua e especialização dos médicos que exercem em Cabo Verde, podem ser obtidos através de parcerias com a diáspora, defendeu o bastonário da OMC. “Contámos com a diáspora, que tem se comunicado cada vez mais com a terra-mãe e se aproximado dos médicos em Cabo Verde”, afirmou Danielson da Veiga, citando o exemplo as sessões de trabalho entre os médicos no país e na diáspora durante a pandemia da Covid-19, que “muito ajudaram na prevenção. Nenhum médico ou outro profissional de saúde foi contagiado”.
A diáspora composta por cabo-verdianos radicados nos Estados Unidos da América, afirmou o Bastonário da OMC, “tem tido um papel importante”. Por isso, Danielson da Veiga deixou um agradecimento especial à Cabo Verdean American Medical Society (CAMS), cujos membros, “além de participar no simpósio, desde que chegaram em Cabo Verde, na última sexta-feira, têm analisado casos graves”.
Júlio Rodrigues: a Cabo Verdean American Medical Society traz expertise
Como que em resposta ao repto e aos agradecimentos da OMC, o médico-cirurgião Júlio Rodrigues, representante da Cabo Verdean American Medical Society, afirmou que “a nossa diáspora tem sido um factor de desenvolvimento de Cabo Verde”. E a CAMS, no âmbito do fórum em curso, espera trazer know how. “Precisamos passar a mandar outro tipo de bidon, não só de roupas, comida e calçado para as nossas famílias, como também bidon de conhecimento”.
Ora, segundo Júlio Rodrigues, “a medicina é uma arte e uma ciência que exige aprendizagem contínua e nós, Cabo Verdean American Medical Society, estamos neste simpósio para trazer expertise, pois fazem parte da nossa sociedade especialistas em diversas áreas, muitos deles descendentes de cabo-verdianos de até quarta e quinta geração, que estão aqui apenas para ajudar”.
Assim, inspirados pela vontade de ajudar a terra dos seus antepassados, alguns dos membros da CVAMS ministraram no período da manhã desta quinta-feira, três mini-cursos em simultâneo: Reanimação Cardiopulmonar, Tratamento da Dor e Cuidados Paliativos.
Secretário de Estado Adjunto da Ministra da Saúde: Simpósio mostra “sintonia” entre Cabo Verde e diáspora
Por sua vez, o Secretário de Estado Adjunto da Ministra da Saúde, Evandro Monteiro, ao presidir o ato de abertura, elogiou a parceria OMC/CVAMS na organização do referido simpósio, classificando-a como “uma iniciativa louvável, que mostra uma sintonia necessária entre o país e a sua diáspora”, tendo em conta que Cabo Verde passa neste momento por mais uma mudança do perfil epidemiológico e demográfico, marcada pelo crescimento das doenças crónicas, a que estão associados vários factores de risco, como diabetes, hipertensão arterial e consumo excessivo de álcool, açúcar e sal e aumento do sedentarismo.
Trata-se, segundo Evandro Monteiro, de uma “importante carga” para o sistema nacional de saúde, que, embora os muitos ganhos, nomeadamente em termos de estruturas físicas, recursos humanos e programas de combate às doenças crónicas e transmissíveis, enfrenta novos desafios.
Daí que a presença da CVAMS “se reveste de suma importância, tendo em conta o know how e as possibilidades de juntos contribuirmos para que os cabo-verdianos tenham uma melhor saúde e impulsionarmos ainda mais o nosso sistema de saúde e a formação dos médicos cabo-verdianos”, concluiu o Secretário de Esrado Adjunto da Ministra da Saúde.
Segundo dia: saúde mental e oncologia
Nesta quinta-feira, após a abertura oficial, realizou-se o Simpósio de Cardiologia, com dois painéis e um total de seis comunicações cientificas, feitas por especialistas nacionais e internacionais. Os trabalhos encerraram com uma sessão plenária sobre cancro da mama.
Para esta sexta-feira, 28, segundo dia do evento, estão previstos dois simpósios, o primeiro dedicado à saúde mental e o segundo à oncologia, com dois painéis cada, e um total de 11 comunicações cientificas (quatro no primeiro e sete no segundo), que também terão como oradores médicos nacionais e estrangeiros.
A Conferência de Encerramento, intitulada “Inovação em Saúde – Uma ponte de Ligação com a Diáspora” estará a cargo do Doutor Artur Correia, antigo Diretor Nacional de Saúde e ex-Secretário Executivo do Comité de Coordenação e Combate ao Sida, que é também mestre em Saúde Pública e pós-graduado em epidemiologia e malariologia pela OMS.