Caro colega

Cidade da Praia, aos 19 de março de 2021

A 19 de março de 2020 Cabo Verde foi sacudido pela notícia de que nesse dia o país entrara na lista de nações afetadas pelo COVID 19 com o registo do primeiro caso desta doença na ilha da Boa Vista, hiperbolizando o estado de ansiedade, stress e algum medo que já se vivia no arquipélago perante a crise de saúde, social e económica que a pandemia já causava no mundo inteiro.

O padrão de contágio verificado em outros continentes repetia-se pouco tempo depois em Cabo Verde, provocando um elevado número de infectados comparativamente ao número de população do país, a maioria assintomáticos ou com sintomas leves mas também doentes com complicações graves e até mortes.

Uma realidade que exigiu aos profissionais de saúde, em particular aos médicos, uma dedicação e um empenho nunca antes visto nas ilhas. Coragem e abnegação permitiram-lhes fazer a caminhada, apesar de os meios e equipamentos não abundarem, como em outros países, arriscando a própria vida em prol da saúde e da vida dos outros.

Foram, e continuam a ser, muitos dias longe da família, dos filhos e pais, dos amigos, do aconchego do lar, do sabor da comida caseira, sempre em busca de soluções que, perante um cenário quase desconhecido, pudessem permitir aos cabo-verdianos ver finalmente uma luz ao fim do túnel.

Foram longos turnos de trabalho, de estudo e de investigação que pudessem permitir ao país aliviar a tensão. Sobrecarregados, cansados, stressados mas jamais vencidos, em todo o nosso Cabo Verde os médicos deram o melhor de si, escrevendo mais um capítulo de heroicidade na história da classe. Tal como em outras eras e em outras lutas que Cabo Verde enfrentou, perante a pandemia do COVID 19 os médicos se fizeram presentes. A todos o nosso muito obrigado.

Mas esta “guerra” ainda não acabou, e nem sabemos quando irá acabar. Estamos, no entanto, convictos de que o país dela se sairá vencedor. E conta mais uma vez com todos os médicos. Porque juntos somos mais fortes. Juntos venceremos.

O Bastonário

Dr. Danielson da Veiga