Tarrafal de São Nicolau e Santa Cruz vão ter centros de telemedicina ainda este ano, anunciou a diretora do Serviço Nacional de Telemedicina, Vanda Azevedo, à margem da I Reunião de Telemedicina e Telesaúde da CPLP/ Saúde digital em língua portuguesa que decorre até esta sexta-feira, 15, na Praia, organizada pelo Ministério da Saúde e Segurança Social, em parceria com o Ministério da Saúde do Brasil.
Ao mesmo tempo que alarga a rede nacional, que já integra 12 centros de telemedicina instalados em todas as ilhas, com financiamento do Governo da Eslovénia que vem ajudando o país nesta matéria desde o seu início em 2012, Cabo Verde quer cooperar com outros membros da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP), como já faz com o Brasil e Portugal.
Segundo a diretora do Serviço Nacional de Telemedicina, a Eslovénia optou, ao longo desses anos, por uma cooperação sustentada, ou seja, à medida que Cabo Verde vai alargando a área de cobertura da telemedicina, também serão alargadas as especialidades que, neste momento, já são 24 oferecidas em todo o país.
Vanda Azevedo sublinhou que a telemedicina surgiu como uma “necessidade natural” em Cabo Verde que é um país arquipelágico e com parcos recursos económicos e humanos e sem a possibilidade de ter especialistas em todas as nove ilhas, assim como não há como levar formação a todos os cantos do país.
O país, que atualmente tem um programa estruturado da telemedicina com Portugal e Brasil, conforme a médica, quer unificar os processos como forma de poder partilhar a sua experiência e prestar serviços a outros países da comunidade que precisam, nomeadamente São Tomé e Príncipe, Angola e Guiné-Bissau.
“Há países que estão mais desenvolvidos e outros menos em termos de saúde (…). Temos programas já estabelecidos, por exemplo, de cardiologia pediátrica com Portugal, mas podemos fazer com outros países”, precisou, indicando que por estar num período de transição epidemiológica, as doenças que mais afetam Cabo Verde e que abrem a possibilidade de cooperação são as cardiológicas, os cancros e as respiratórias.
Por causa da sua experiência, Cabo Verde foi escolhido para acolher esta I Reunião de Telemedicina e Telesaúde da CPLP, que tem como principais objetivos conhecer os programas de telesaúde dos vários países e a elaboração conjunta de um plano de trabalho para o “Roteiro Estratégico de Implantação da Telesaúde nos Países de Língua Portuguesa”.
Em declarações à imprensa, Luís Ary Messina, coordenador da Rede Universitária de Telemedicina do Brasil, explicou que este roteiro foi aprovado em Março de 2016, na reunião técnica da CPLP e que vai culminar com a aprovação, nesta reunião da Praia, de um plano integrado das ações de telesaúde.
“O referido plano integra ações de assistência à distância, de educação e pesquisas colaborativas, gestão e avaliação dos processos para que sejam melhoradas de forma mais acelerada e, de alguns anos para cá, descobrimos que a prática de telemedicina em Cabo Verde já vem acompanhando avanços muito considerados”, realçou.
FONTE: Inforpress