Gerociência quer ampliar fronteiras do conhecimento sobre envelhecimento

Os mecanismos celulares ligados ao surgimento das doenças cronicas são a mais nova frente de batalha.

Eventos dedicados ao envelhecimento têm recebido cada vez mais espaço na agenda mundial. Não poderia ser de outro jeito, já que, no meio deste século, haverá mais de 2 bilhões de idosos no planeta. Entre os dias 28 e 30 deste mês, cerca de 120 palestrantes se reunirão em Washington, capital norte-americana, num fórum intitulado “O futuro da saúde”. A questão da longevidade está presente em todo o programa. O peso de doenças como as demências, que hoje atingem 50 milhões de pessoas, mas que alcançarão 82 milhões em 2030, é um dos temas de destaque. Para diminuir os custos com a enfermidade, será preciso garantir oportunidades a todos para manter o cérebro saudável – o que é sinônimo de diminuir a desigualdade.

A desigualdade compromete a longevidade mesmo em matérias básicas como a alimentação. Nos Estados Unidos, quase 45% das crianças que vivem na pobreza estão obesas ou com sobrepeso, enquanto esse percentual cai para 22% entre aquelas com melhores condições socioeconômicas. Como atender ao desafio de prover comida de qualidade, que desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde? O mesmo se aplica para moradias que estejam preparadas para receber idosos com limitações.

Um dos convidados é o médico e pesquisador Nir Barzilai, do Albert Einstein College of Medicine, que se dedica a estudar centenários e como seus genes os protegem contra problemas cardiovasculares, diabetes e Alzheimer. Ele costuma dizer que “o pior cenário é a longevidade com um longo período de doença. Temos que conseguir viver mais com menos anos de doença”. Uma de suas palestras disponíveis on-line trata justamente do tópico e tem o bem-humorado título de “How to die young at a very old age”, cuja tradução, “Como morrer jovem numa idade avançada”, mostra que saúde e velhice podem ser compatíveis.

Nos dias 4 e 5 de novembro, o Third Geroscience Summit ocorrerá em Bethesda (Maryland) sob a coordenação do Departamento Nacional de Saúde (National Institutes of Health) dos EUA. A gerociência investiga os mecanismos celulares e genéticos ligados ao envelhecimento e ao surgimento das doenças crônicas. Embora na mesma linha do outro evento, este será aberto ao público e transmitido. A batalha contra os desafios relacionados à velhice vem acontecendo em nível molecular. Para os pesquisadores, entender o que faz com que alguns indivíduos envelheçam com uma proteção maior contra enfermidades poderá ser a chave para mudar o destino da humanidade.

Fonte: g1.globo