Dia Nacional do Médico 2025 marcado por mensagens de felicitação ao Bastonário cessante e de incentivo aos médicos e novos órgãos sociais da OMC

O Salão de Banquetes da Assembleia Nacional, na cidade da Praia, acolheu na última sexta-feira, 17 de janeiro, a sessão evocativa do Dia Nacional, celebrado no mesmo dia, e a tomada de posse do Dr. Francisco Barbosa Amado como Presidente do Conselho Diretivo Nacional (CDN) e Bastonário e dos demais novos órgãos sociais da Ordem dos Médicos Cabo-verdianos e, ainda, pelo meio, ao balanço do segundo e último mandato do Dr. Danielson da Veiga.

A evocação sobre a importância do médico cabo-verdiano esteve a cargo do Reverendo David Araújo, Superintendente do Distrito Sul da Igreja do Nazareno, que, começou por dizer que, à semelhança de outros cabo-verdianos, os médicos nacionais “aprenderam a comer pedras”, tal como escreveu o poeta Ovídio Martins, e aprenderam “a fazer muito com pouco”, numa alusão aos parcos recursos de que Cabo Verde dispõe, contribuindo bastante para o aumento da esperança de vida no território nacional e outros indicadores de saúde.

Classificando o exercício da medicina como uma espécie de sacerdócio, o Reverendo David Araújo encorajou os médicos cabo-verdianos a continuarem a cuidar dos seus conterrâneos “com tenacidade e dedicação” sem sucumbir à tendência atual de comercialização da medicina e sempre considerando não apenas o aspeto físico, como também o psíquico e espiritual.

E, porque os médicos precisam também de ser cuidados porque são, não raras vezes, vítimas de sobrecarga de trabalho, stress e exaustão, o Superintendente do Distrito Sul da Igreja do Nazareno finalizou a sua alocução pedindo a Deus que seja o “sustento” de todos os médicos e encorajou-os, deixando o que diz a Bíblia em Josué 1:9: “Não fui eu que ordenei a você? Seja forte e corajoso! Não se apavore nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar”.

Bastonário cessante Danielson da Veiga fez balanço do mandato com foco na formação

O Dr. Danielson da Veiga também foi convidado a intervir para fazer o balanço do seu trabalho como Presidente do Conselho Diretivo e Bastonário cessante da OMC, ao fim de dois mandatos (2018-2024), dedicando a maioria do seu discurso a enumerar os ganhos conseguidos no domínio da formação.

“Graças ao apoio dos colégios de especialidade e da comissão instaladora do Colégio de Medicina Geral e Familiar, bem como de outros parceiros nacionais e internacionais, conseguimos criar condições para que, pela primeira vez em Cabo Verde, 25 médicos se especializassem em Medicina Geral e Familiar (MGF). Este é um marco significativo, e o caminho está aberto para se expandir essa iniciativa a outras áreas de especialidade essenciais para o nosso país”, disse o Bastonário cessante.

O Dr. Danielson da Veiga destacou também que, durante o seu mandato, conseguiu-se avanços importantes no fortalecimento da autonomia da OMC no reconhecimento da formação especializada. “Garantimos a qualidade de todo esse processo por meio da criação de regulamentos que definem claramente como a formação deve ocorrer, garantindo que o reconhecimento de especialidades se dê de forma transparente e com altos padrões de qualidade”, disse.

Também no que concerne às oportunidades formativas, com foco na formação especializada, formação continua, cursos de capacitação e atualização médica, “a OMC estabeleceu pontes com quase todos os hospitais universitários de Portugal e com o Ministério da Saúde de Portugal e a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), através de contatos diretos com os seus diretores e com o próprio Ministro da Saúde de Portugal”, declarou o Dr. Danielson da Veiga.

Ainda segundo Bastonário cessante, “a OMC não só se preocupou com a formação técnico-científica dos médicos cabo-verdianos, mas também apostou na sua formação e domínio da língua inglesa por ser hoje a principal língua de comunicação científica. Pois, há mais de três anos, com o apoio da Embaixada dos Estados Unidos da América em Cabo Verde, temos organizado cursos que visam melhorar a comunicação e o vocabulário médico em inglês, permitindo assim que os profissionais do setor comuniquem de forma mais eficaz com comunidades e colegas em ambientes de língua inglesa”.

Embora tenha já tenha findado o seu contributo como “timoneiro” da OMC, o Dr. Danielson da Veiga afirmou que alimenta certas expetativas: “Embora muitos avanços tenham sido alcançados, traduzindo-se no alargamento do Serviço Nacional de Saúde, certos desafios ainda permanecem. Destaco a necessidade de se finalizar alguns documentos estratégicos, nomeadamente a proposta de regulamentação do Ato Médico e a revisão do Estatuto da Ordem dos Médicos Cabo-verdianos, de modo a adequá-los às conquistas que a OMC alcançou ao longo dos anos. São questões que exigem continuidade e que devem ser tratadas com o mesmo compromisso que pautou o nosso trabalho até aqui”.

Tomada de posse dos novos órgãos sociais

A seguir ao discurso de balanço de mandato do Dr. Danielson da Veiga, deu-se posse aos seguintes novos órgãos sociais da OMC: Mesa da Assembleia Geral, do Conselho Diretivo Nacional, do Conselho Fiscal Nacional, do Conselho Nacional de Disciplina e Órgãos Regionais de Sotavento. Os demais órgãos tomaram posse na ilha de São Vicente, na Universidade do Mindelo.

Conforme os resultados das eleições do dia 30 de novembro de 2024, foram eleitos como presidentes desses órgãos: Dra. Valéria Semedo (Assembleia Geral), Dr. José Luis Spencer (Conselho Fiscal Nacional), Dr. Hélder Tavares (Conselho Nacional de Disciplina), Dr. Luciano Veiga (Mesa da Assembleia Regional de Sotavento), Comissão Regional de Disciplina (Dra. Antonieta Martins).

Novo Bastonário: Dr. Francisco Barbosa Amado prometeu melhorar a OMC

Também tomou posse o Dr. Francisco Barbosa como novo Presidente do Conselho Diretivo Nacional e Bastonário da OMC que, ao fazer uso da palavra, agradeceu, em primeiro lugar, ao “amigo e antecessor” e a toda a sua equipa “pelo serviço que prestaram nos últimos três anos”, bem como aos outros ex-bastonários por terem contribuído para “o prestigio e a credibilidade” da Ordem.

A seguir, baseando-se no lema da sua plataforma de candidatura (“É hora de cuidar dos que cuidam!”), o novel Bastonário da OMC, afirmou que irá apostar na especialização dos médicos e na inclusão de todos os membros da classe, de norte a sul do país.

Eleito para o triénio 2025-2027, o Dr. Barbosa Amado diz-se pronto para pôr a OMC ainda mais ao serviço dos médicos, apostando sobretudo na promoção da saúde dos próprios médicos, em particular da saúde mental, daí que garantiu que irá promover “iniciativas de suporte à saúde mental dos médicos”, pois no exercício da sua profissão são, muitas vezes, submetidos a situação que causam stress, ansiedade e depressão.

O Dr. Barbosa Amado assegurou ainda que irá modernizar a OMC. Por um lado, proporá mexidas nos estatutos, bem como no código de ética e de deontologia, e, por outro lado, “criar condições para uma oferta robusta de desenvolvimento profissional” para os médicos de todas as regiões do país, através de cursos, congressos e outros eventos científicos, bem como de ensino à distância e Inteligência Artificial.

Barbosa Amado comprometeu-se também a tornar a OMC “mais forte” e capaz de assegurar o respeito pelos direitos do exercício da medicina e pelo reconhecimento da profissão, algo que passará, entre outras ações, pela criação de um “conselho consultivo”, integrado por médicos de todas as regiões e ainda por ex-bastonários da OMC, o qual teria como principal missão definir “as grandes políticas que a Ordem deve seguir”.

Segundo o Dr. Barbosa Amado, a OMC continuará durante o seu mandato a pugnar pela construção de um novo hospital central na Praia e estará contribuindo com “ideias, sugestões e propostas, para se poder iniciar esse projecto que a capital e o país precisam” e que é uma necessidade identificada desde os anos 1990.

Ministra da Saúde e Primeiro-Ministro prometem continuar a apoiar a OMC

Ao fazer uso da palavra, a Ministra da Saúde, Dra. Filomena Gonçalves, começou por felicitar os médicos pelo seu dia, elogiando-os pelo seu compromisso e trabalho incansável, o que, em conjunto com “políticas certas” dos sucessivos governos de Cabo Verde, contribuiu fortemente para a melhoria da saúde dos cabo-verdianos.

A seguir, a Ministra da Saúde deixou uma palavra de apreço ao Bastonário cessante da OMC, tendo dito que o Dr. Danielson da Veiga e a sua equipa “contribuíram com o seu trabalho para o avanço do Sistema Nacional de Saúde”, enquanto ao novel Bastonário disse que estava “convicta” de que irá “construir soluções” que farão o mesmo sistema evoluir ainda mais e que para isso poderia contar com o apoio do ministério que tutela o setor. “Confio na vossa liderança para continuarmos a avançar”, disse a Dra. Filomena Gonçalves.

Por sua vez, o Primeiro-Ministro, Dr. Ulisses Correia e Silva, ao proferir o discurso de encerramento, manifestou “toda a disponibilidade” do Governo de Cabo Verde “para melhorar a prestação de serviços de saúde no país, a começar pelos primários.

O chefe do Executivo cabo-verdiano reconheceu que o país somos um país com “sérias dificuldades”, nomeadamente no setor da saúde, em termos de recursos e garantiu, a seguir, que o Governo está a trabalhar no sentido de ultrapassá-las. “Estamos empenhados em criar todas as condições para o exercício da profissão médica”, afirmou Ulisses Correia e Silva.