100 Dias de Mandato: Desafios Futuros da Ordem dos Médicos Cabo-verdianos

A Ordem dos Médicos Cabo-verdianos assinalou os 100 dias de mandato esta quinta-feira (13) com um encontro no Auditório da OMC sob o lema “100 Dias de Mandato: Desafios Futuros da Ordem dos Médicos Cabo-verdianos” que juntou o Conselho Diretivo Nacional e os seus associados para apresentar os feitos e os planos para o futuro.

Durante a sua intervenção o Bastonário da OMC, Dr. Danielson Veiga, lançou um olhar retrospetivo sobre os 100 dias do mandato e os projetos em carteira. Apresentou os constrangimentos encontrados e análise do estado da arte do setor, bem como as formas inovadoras de abordar esses desafios. Também reconheceu as contribuições e esforços dos médicos que abraçaram o repto de integrar os órgãos da OMC e o bom trabalho que têm feito.

Um momento aproveitado pelo Bastonário para apontar a importância da coesão da classe médica para lutar por uma carreira bem-sucedida e cada vez melhor capacitada. Finalizou com a proposta de organização de um Fórum da Diáspora para atrair médicos cabo-verdianos bem posicionados no estrangeiro e que poderão abrir portas para formação dos residentes nacionais.

Na sequência a Secretária do Conselho Directivo Nacional, Dra. Valéria Semedo, apresentou de forma resumida as atividades, parcerias desenvolvidas ao longo desses 100 dias. Durante a sua intervenção deu conta dos vários encontros nacionais e internacionais e as parcerias negociadas e estabelecidas com a OMC.

Conversa Aberta: Dr. Iuri Gomes e Dr. José Maria Martins

Enquadrado no programa decorreu uma conversa aberta entre os médicos Dr. Iuri Gomes, a representar a nova geração dos médicos, e o Dr. José Maria Martins, a representar a geração mais antiga, com a moderação da 2ª Suplente da Mesa da Assembleia Geral, Dra. Gisele Modesto.

Para o Dr. Iuri Gomes a OMC deve apostar numa maior interatividade com os seus associados. Um dos assuntos que colocou a tónica é sobre a sua perceção do prestígio do médico na sociedade cabo-verdiana que entende vir a diminuir. É por isso que considera que a OMC tem a responsabilidade de trabalhar para o reforço deste prestígio, mas também tem um papel fundamental no agilizar o processo de melhoria do setor de saúde. Para o Dr. Iuri Gomes, não só as especialidades, mas também os médicos generalistas deveriam ter uma representatividade na OMC, por serem a base da classe.

Para além de apresentar a sua alegria em ser médico em Cabo Verde e sua disposição para trabalhar com a OMC, o Dr. Iuri Gomes incentivou o pagamento da quota na OMC tendo em conta as responsabilidades e benefícios daí advenientes.

Por sua vez, o Dr. José Maria Martins partilhou a sua experiência acumulada do longo percurso no setor da saúde, primeiramente no público e depois no privado. Considerou que a OMC tem a missão de defesa da ética da profissão, mas também do próprio doente. Quanto à formação, o Dr. José Martins considera que a OMC não deve estar à mercê do Ministério da Saúde para o financiamento das formações e alertou para a insuficiente formação pós-graduada entre os médicos.

Também criticou aquilo que considera de proletarização da medicina em Cabo Verde, quando o médico que dedicou anos de estudo e atividade intelectual para vivenciar agora excesso de horas laborais e salário não compatível com as responsabilidades. Segundo Dr. José Martins, é preciso convencer os governantes para que se invista na saúde, pois há um fraco investimento neste setor.

Intervenções do Público

Com a abertura do debate para o público, a plateia fez diversas participações e contribuições. Uma das questões debatidas foi a explicação a forma de os médicos cabo-verdianos a trabalharem no estrangeiro tornarem-se membros da OMC. Foi também sugerido reformas profundas e mudanças de paradigmas para que os médicos saiam das suas zonas de conforto. Para além disso foi recomendado a melhoria da comunicação e lutar para que atividades do tipo sejam partilhadas com as sedes nas outras ilhas, que devem ser equipadas com o sistema de videoconferência. O público apelou a uma maior participação dos médicos nos eventos da OMC e a melhoria da postura dos médicos perante a formação interna. Para além disso solicitaram maior brevidade à OMC nos pareceres para reconhecimento das especialidades e atenção para a questão da mobilidade para os médicos estrangeiros que pretendam prestar serviço em Cabo Verde.

Novos Meios de Comunicação da OMC

O evento foi finalizado com a Dra. Gisele Modesto, a apresentar a primeira versão da Newsletter OMC e o website da OMC que se apresenta com novo visual, novas funcionalidades, mais informações de como inscrever na OMC. O website terá também uma versão disponível em aplicativo para IOS e Android.