III Congresso Internacional da Ordem e o VIII Congresso Médico Nacional

“Um legado, Novas Oportunidades”

 

 

 

 

 

A cidade da Praia acolheu de 17 a 19 de Janeiro, em simultâneo, o III Congresso Internacional da Ordem dos Médicos de Cabo Verde e o VIII Congresso Médico Nacional, sob o lema “Um legado, Novas Oportunidades”, enquadrados nas comemorações do 20º aniversário da ordem socioprofissional. A classe médica nacional e diversos convidados internacionais abordaram nesses três dias os mais prementes temas e problemáticas que afetam a medicina no país e no mundo, em geral.

O Bastonário da Ordem dos Médicos Cabo-Verdianos, Daniel Silves Ferreira, declarou na abertura do duplo-evento que a classe médica contribuiu ao longo da sua história para o desenvolvimento de Cabo Verde, tal como estipulam os estatutos da ordem, quando diz que os médicos têm “como primeira função a defesa do Sistema Nacional de Saúde”.

Júlio Andrade, diretor do Hospital Agostinho Neto, estabelecimento hospitalar que coorganizou os dois congressos, sublinhou, por sua vez, o impacto que a obra de reforma da rua do hospital prometida pela Câmara Municipal da Praia terá no atendimento no Banco de Urgência e nos demais serviços do maior hospital do país.

Hospital novo de raiz na Praia

Óscar Santos, em nome do executivo camarário da Praia, garantiu na mesma ocasião que, visando promover a saúde pública na nossa cidade, a edilidade está também disposta a “ceder gratuitamente o terreno” para a construção de um novo hospital de raiz na capital de Cabo Verde, daí ter igualmente incentivado o Governo a avançar com essa obra.

Carreira médica e hospital universitário

Ao dirigir-se também aos congressistas, o ministro da Saúde e da Segurança Social, destacou a carreira médica, já promulgada pelo Presidente da República, a qual aposta no ramo hospitalar e no ramo da saúde pública, dos quais “depende o sucesso da saúde em Cabo Verde”.

“Precisamos de bons cirurgiões, como de bons epidemiologistas, de cardiologistas, como de médicos de saúde pública, de radiologistas, como de médicos de saúde pública, de radiologistas, como de médicos de medicina geral e familiar, entre outros”.

Mas a saúde em Cabo Verde precisa também de “mais recursos”, que “devem ser alocados aos hospitais regionais” e de mais médicos dispostos a trabalhar nas denominadas ilhas periféricas, como Maio, Brava ou Boa Vista, e para isso conta “com a colaboração da OMC”.

Humanismo na saúde

O Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, que declarou abertos os dois congressos, louvou no seu discurso a abnegação com que os médicos cabo-verdianos exerceram a sua profissão até aqui, incentivados pela Ordem dos Médicos Cabo-Verdianos.

Mas o Chefe de Estado frisou também que ainda há cabo-verdianos “que morrem devido à falta de atendimento médico ou de medicamentos”. Por isso “temos que combater as assimetrias”, afirmou o PR cabo-verdiano.

 

Música, pintura e literatura

O III Congresso Internacional da Ordem dos Médicos de Cabo Verde e o VIII Congresso Médico Nacional foram também marcados por eventos artísticos culturais que tiveram como protagonistas os médicos.

Além de uma rapsódia instrumental de clássicos da música de Cabo Verde, executado pelo médico Emerson Araújo na companhia de dois músicos profissionais, esteve patente uma exposição de pintura e livros de médicos cabo-verdianos: Osvaldo Lisboa Ramos, Liliane Hungria, Alice Sena Martins, António Pedro Delgado, Arsénio de Pina, Carmelinda Gonçalves Abu-Raya, Francisco Fragoso, Germana Maria Neves Gomes, G.T. Didial, Henrique de Santa Rita Vieira, Henrique Teixeira de Sousa, Ireneu Gomes, João Baptista Soares, João Vário, Manuel Faustino, Maria Isabel Sanches, Onestaldo Gonçalves, Samuel Gonçalves e Timóteo Tio Tiofe.

Parceria com Inpharma e Emprofac

No âmbito do duplo congresso, a OMC assinou um protocolo com a Inpharma, representada no acto pela sua presidente, Elisete Lima, cujo objetivo é, através do Prémio “Judite Lima”, incentivar a investigação no ramo da saúde. A OMC também rubricou na mesma ocasião um memorando de entendimento com a Emprofac, representada por Gil Évora, Presidente do Conselho de Administração da empresa, que visa a cooperação institucional, através da valorização social do conhecimento e da sua transferência para a comunidade médica e científica cabo-verdiana, a fim de promover a inovação e a conservação do património científico.

Peso da saúde no OE deve aumentar

Ao encerrar o III Congresso Internacional da Ordem e o VIII Congresso Médico Nacional, Jorge Santos, presidente da Assembleia Nacional, elogiou Cabo Verde pelos bons indicadores de saúde já alcançados, mas confirmou que “persistem ainda ingentes desafios”, nomeadamente o pouco peso do sector no Orçamento do Estado. Em vez de 9%”, a fatia do orçamento destinada à saúde deveria ser 15%, tal como recomenda a OMS.

Jorge Santos reconheceu, entretanto, que o Estado deve “melhorar paulatinamente as condições de trabalho dos profissionais de saúde, sem ignorar a realidade económico-financeira do país, para que estejam permanentemente motivados na nobre tarefa de servir com qualidade os cidadãos”.

Recomendações: alcoolismo e cancro exigem programas de prevenção urgentes

Várias e importantes recomendações saíram do III Congresso Internacional da Ordem e do VIII Congresso Médico Nacional. Entre tantos, destaque para a necessidade de Cabo Verde “abordar o alcoolismo como um problema de saúde pública”, assim como criar um programa de prevenção do cancro e adotar políticas e legislação concernente à oncologia.

Pois, se, por um lado, o cancro é a segunda causa de morte em Cabo Verde, o alcoolismo afeta mais de 60 por cento da população do arquipélago e figura entre as dez causas mais frequentes de incapacitação para o trabalho.

Os congressistas concluíram ainda que a formação médica no país é necessária, assim como a humanização dos serviços de saúde, o reforço da cooperação com outros países, a prevenção de acidentes e a promoção da segurança infantil e a melhoria do uso da telemedicina.