Danielson Veiga é o novo Bastonário da Ordem dos Médicos Cabo-verdianos

O Médico-cirurgião, Danielson Veiga é o novo Bastonário da Ordem dos Médicos Cabo-verdianos após vencer as eleições internas de 24 de novembro. Liderando a única lista apresentada, tanto para os órgãos nacionais como para os regionais, Dr. Danielson Veiga conseguiu 188 votos de um total de 208 votantes, conforme os dados da Comissão Eleitoral.

O Dr. Danielson Pereira Barreto Veiga é o novo Bastonário da Ordem; o Dr. José Benvindo Tavares Lopes é o novo Presidente do Conselho Diretivo Regional de Sotavento e o Dr. José Manuel Monteiro d´Aguiar foi reeleito Presidente do Conselho Diretivo Regional e de Barlavento, respetivamente.

Decorridos mais de vinte anos sobre a criação das Ordem dos Médicos Cabo-verdianos, os desafios e as exigências que se colocam são outros. Para Danielson Veiga, são “desafios motivadores”. Com uma lista criada a menos de cinco dias da data limite de entrega de candidatura, a desvantagem do tempo foi compensada com o grande apoio de colegas disponíveis a contribuírem.

Uma candidatura que apresentou um programa com várias linhas fortes com o objetivo de motivar, adaptar e promover a classe médica. A pretensão é criar e desenvolver uma capacidade de resposta na relação médico-paciente.

A biossegurança é outro ponto a ser desenvolvido por considerar ser um “problema gritante na nossa sociedade”, principalmente na atividade dos médicos, enfermeiros e até mesmo serventes que trabalham com líquidos biológicos. Por enquanto não há uma política de biossegurança para os profissionais de saúde e a Ordem dos Médicos prontifica-se como parceira do Ministério da Saúde na elaboração de um programa neste sentido.

Outro ponto em destaque é encetar conversações com o Ministério da Saúde para uma reprogramação na gestão do stress e do trabalho prolongado que o médico cabo-verdiano sente no seu dia-a-dia. “Nós sabemos dos riscos e das consequências, mas muita gente não sabe quando vai à consulta que a nossa vida privada e familiar ressente dos reflexos negativos que precisamos gerir”, explica Veiga.

Esta nova Direção pretende propor e promover a revisão dos Estatutos da OMC, da estrutura e dos recursos necessários para que a Ordem possa desempenhar eficazmente as suas responsabilidades perante a classe que representa e a sociedade cabo-verdiana.

Durante este mandato o Bastonário garante que a palavra de ordem será a união. “Temos reparado que uma das falhas gritantes na evolução da OMC tem sido a falta de união da classe. Tem havido alguma contestação de algum grupo, muitas das vezes as pessoas não se sentem representadas, há muita revindicação que nunca é resolvida, os médicos não sabem para onde dirigir as queixas: se para um diretor de hospital, a um diretor de Delegacia de Saúde, a um Diretor Nacional de Saúde, ou ao Ministro da tutela ou à própria Ordem dos Médicos”, explica o novo Bastonário. Contudo, continua Danielson Veiga, por mais que haja queixa há a sensação de que nenhum problema é resolvido e muitas vezes o próprio queixoso fica prejudicado e não tem para onde ir. Ainda mais quando a saúde em Cabo Verde é fundamentalmente baseada no serviço público e a parte do privado não tem uma dimensão muito relevante na nossa sociedade.

As duas regiões irão merecer uma atenção especial para as suas próprias autonomias. Isso quando se sabe que as regiões de Barlavento e Sotavento ainda não têm autonomia e todo o assunto é diretamente resolvido pela Direção Nacional. “Acreditamos que a Direção Nacional deve ser um recurso quando o assunto não pode ser resolvido ao nível regional e por isso é preciso promover as direções regionais”, garante.

“Pretendemos destacar entre a classe a máxima adesão aos princípios que norteiam a criação da OMC e este deve ser visto como o coletivo dos médicos. Queremos reforçar o prestígio que os médicos possuem na sociedade e ter uma postura aberta às críticas e discutir as propostas para poder trabalhar melhor” explica Veiga. Uma parte importante deste mandato será dedicada ao aprofundar da cooperação técnica e científica com as universidades com o curso de Medicina, tanto a Uni-CV como, futuramente, a UniPiaget. Para além disso, está no programa a cooperação com instituições estrangeiras tais como universidades, hospitais, associações médicas e outras Ordens Médicas.

Será dada especial atenção também à promoção e o aumento da autonomia dos Colégios de Especialidades porque já há várias especialidades em Cabo Verde. Como explica Dr. Danielson Veiga, ao se agrupar estas especialidades em Colégios, quando há uma situação crítica ou uma sessão de discussão ao nível do Ministério da Saúde (MS) relativa a uma especialidade, a OMC deverá ser representada por um elemento desse Colégio para poder dar a sua contribuição técnico-científica nas decisões do MS.

Reformar os estágios profissionais dos recém-licenciados que chegam a Cabo Verde é mais uma das metas desta Direção. Muitas vezes estes não passam por todos os serviços de saúde mesmo sabendo que há muitas especialidades dentro da Medicina. “Quando um médico é transferido para um Centro de Saúde remoto ele ali é cirurgião, urologista, pediatra, ele é tudo”, lembra o Bastonário. “Então, quando um médico chega muito novo de uma formação ele tem de passar obrigatoriamente pelo estágio de atualização e conhecer bem a nossa saúde local dentro de cada uma dessas áreas.”

“Queremos também refletir as razões de existir tantos pedidos de licença sem vencimento, emigrações, exonerações. Há médicos que já estão fartos de situações que nunca são resolvidas e por isso têm decidido pela exoneração, abandono de serviço ou então mudar de país”, aponta o Médico-cirurgião que pretende ver resolvidas estas e outras situações para o bem da classe médica.

Os resultados completos divulgados pela Comissão Eleitoral foram os seguintes:

ÓRGÃOS NACIONAIS
Total de votantes: 208
Sim: 188
Não: 12
Brancos: 4
Nulos: 4

ÓRGÃOS REGIONAIS

SOTAVENTO
Total de votantes: 136
Sim: 119
Não: 10
Brancos: 3
Nulos: 4

BARLAVENTO
Total de votantes: 68
Sim: 62
Não: 5
Brancos:1
Nulos:0

Foram também eleitas as Comissões Executivas dos Colégios de Cardiologia (8 votantes, 7 Sim e 1 Branco), Ginecologia e Obstetrícia (15 votantes, 13 Sim e 2 Não) e Medicina Interna (16 votantes, 14 Sim, 1 Branco e 1 Nulo).

O ainda Bastonário, Daniel Silves Ferreira felicitou o Bastonário eleito e equipa e manifestou a sua disponibilidade de colaborar “na transição e no desempenho das funções para que foram eleitos”.